
8 factos que a indústria da carne não quer que saibas
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A indústria da carne depende tanto de enganar o público como as restantes indústrias de exploração animal, pelo que existem muitos factos sobre ela que querem manter em segredo.
As indústrias de exploração animal prosperam com o secretismo. Sabemos que a indústria dos lacticínios engana o público. Sabemos que a indústria dos ovos mantém as pessoas na ignorância. Sabemos que a indústria do couro está cheia de segredos. Sabemos que a indústria da lã cega as pessoas com desinformação. Sabemos que a indústria da pesca está repleta de mentiras. Até a indústria de rações de origem animal para animais de companhia está longe de ser transparente. No entanto, com o falso axioma carnista de que a carne animal é alimento que os humanos devem consumir, a indústria da carne ultrapassa todas as outras indústrias de exploração animal no número de pessoas que caíram na sua narrativa enganosa. Eis apenas oito dos muitos factos que a indústria da carne desesperadamente quer esconder de ti:
1. A maior parte da carne provém de explorações intensivas
A imagem de animais a pastar pacificamente em campos verdes é uma ilusão cuidadosamente construída e divulgada pela indústria da carne. Na realidade, três quartos de todos os animais terrestres explorados para carne, em todo o mundo, estão confinados em explorações intensivas — instalações industriais concebidas para maximizar lucros à custa do bem-estar animal. Em 2024, aproximadamente 74% dos 100 mil milhões de animais mortos anualmente para alimentação são provenientes de explorações intensivas a nível mundial. Nos EUA, esta percentagem é ainda mais chocante: cerca de 99% dos animais de pecuária são criados em Operações de Engorda Animal Concentrada (CAFOs). No Reino Unido, 85% dos animais criados para alimentação encontram-se em explorações intensivas.
Estas instalações industriais confinam os animais em condições sobrelotadas e frequentemente insalubres, impedindo-os de expressar comportamentos naturais, sendo tratados como mercadorias que devem ser engordadas rapidamente e “descartadas” antes que se torne demasiado caro mantê-las vivas.
2. Animais na indústria da carne são mortos enquanto são crianças
A indústria da carne lucra ao matar os animais quando ainda são muito jovens. Frangos criados para carne são abatidos com apenas seis semanas, porcos com cerca de seis meses, cordeiros entre 4 e 12 meses, e vacas entre um e dois anos — apesar das suas esperanças de vida naturais ultrapassarem, em muito, uma década. Não são apenas jovens, são verdadeiramente “crianças”, pois todos tiveram uma mãe e um pai — tal como a maioria das crianças humanas — mas estes seres sensíveis e vulneráveis são privados de crescer, de formar laços sociais ou de experienciar o mundo. O foco da indústria é a rotação rápida e a eficiência, não permitir que os animais vivam vidas plenas e significativas, pelo que é mais lucrativo matar crianças do que adultos.
Até as crias nascidas em explorações de lacticínios, onde o principal negócio não é a produção de carne, acabam por ser enviadas para a indústria da carne, sendo mortas poucas semanas depois. Quando uma vaca dá à luz um vitelo macho, os produtores de leite separam-no da mãe e matam-no imediatamente ou levam-no para uma exploração de vitelos, onde será alimentado durante pouco tempo antes de ser morto para a sua carne ser vendida como iguaria (o destino da maioria dos vitelos machos, pois não produzirão leite quando crescerem).
3. A indústria da carne cria aberrações genéticas que sofrem
Para aumentar os lucros, a indústria da carne manipulou geneticamente os animais, através de seleção artificial, durante séculos, forçando-os a crescer de forma antinaturalmente rápida ou a produzir mais carne do que os seus corpos conseguem suportar. Frangos criados para carne crescem tão depressa que muitas vezes as suas pernas colapsam sob o seu próprio peso, e muitos sofrem de falências cardíaca e orgânica antes mesmo de chegar ao matadouro. Após décadas de seleção artificial, os frangos modernos resultam de crescimento rápido (herdado geneticamente) e elevada eficiência alimentar (resultado de mudanças na alimentação e maneio). Estes frangos atingem o “peso de abate” de cerca de 2 kg em apenas seis semanas, mais do dobro da velocidade dos seus antepassados. Possuem músculos peitorais muito maiores, que representam cerca de 25% do seu peso corporal, comparado com 15% no galo-banquiva (a galinha selvagem ancestral). Foram também selecionados para ter um corpo mais horizontal, pernas mais curtas e peito mais largo.
De forma semelhante, porcos foram selecionados para ter ninhadas maiores, crescimento mais rápido, corpos maiores e mais gordos, à custa da sua saúde e bem-estar. Em 2023, só no Reino Unido produziram-se 927.400 toneladas de carne de porco, com mais de 10 milhões de porcos abatidos. A maioria criada em explorações intensivas, confinados em espaços sobrelotados e imundos, muitas vezes sem acesso à luz solar ou ar fresco. A fase final de engorda, chamada de “período de acabamento”, é um capítulo particularmente sombrio das suas vidas (pois termina com as suas mortes), resultando em porcos que atingem 110 a 125 kg em seis meses. Isto não é “a natureza a seguir o seu curso”, é exploração deliberada, causando imenso sofrimento por design.
4. Uso rotineiro de antibióticos pela indústria da carne alimenta superbactérias
Como os animais em explorações intensivas são mantidos em condições sujas e stressantes, a indústria depende da administração rotineira de antibióticos — não para tratar doenças, mas para prevenir surtos inevitáveis e promover crescimento anormalmente rápido. Esta prática irresponsável é um dos principais motores da resistência a antibióticos, criando “superbactérias” que ameaçam a saúde humana ao tornar os nossos medicamentos menos eficazes. Cerca de 70% dos antibióticos no mundo são usados em animais de criação, contribuindo para mais de um milhão de mortes anuais devido à resistência antimicrobiana.
Em 2001, um relatório da Union of Concerned Scientists revelou que quase 90% do uso total de antimicrobianos nos EUA se destinava a fins não terapêuticos na produção agropecuária. O relatório estimou que os produtores norte-americanos usavam, anualmente, 11.160 toneladas de antimicrobianos na ausência de doenças, incluindo cerca de 4.670 toneladas em porcos, 4.760 toneladas em aves e 1.680 toneladas em vacas. Mostrou ainda que cerca de 6.120 toneladas de antimicrobianos proibidos na União Europeia eram usados anualmente nos EUA para fins não terapêuticos. Em 2011, na Alemanha, foram usados 1.734 toneladas de agentes antimicrobianos em animais, contra apenas 800 toneladas em humanos.
5. Não existe abate “humanitário”
Independentemente da forma como é publicitado, o abate é inerentemente violento e cruel. Os animais são transportados em camiões sobrelotados, frequentemente em condições meteorológicas extremas, antes de serem atordoados (às vezes de forma ineficaz) e mortos — quando o atordoamento é permitido, pois algumas religiões proíbem-no. Muitos permanecem conscientes quando as suas gargantas são cortadas ou enquanto são processados por máquinas. Mesmo com normas revistas para melhorar o bem-estar durante o abate, a aplicação e o cumprimento são inconsistentes.
Não existe “abate humanitário”; o próprio ato é uma violação do direito do animal a viver. Todos os métodos legais de abate são considerados “humanos” por quem os legalizou, mesmo que possam ser vistos como desumanos por outros países com métodos diferentes — o que prova que não existe abate humanitário, apenas diferentes tipos de abate cruel. Um dos exemplos mais claros desta diferença de opiniões sobre a forma “certa” de matar em massa centra-se no conceito de atordoamento, que consiste em imobilizar ou deixar inconscientes os animais imediatamente antes ou no momento da morte. O atordoamento é um processo adicional que provoca sofrimento, podendo causar dor, medo e desconforto mesmo quando realizado de acordo com o protocolo.
6. Rótulos de “bem-estar” são enganosos
A indústria da carne utiliza termos como “ao ar livre”, “biológico” ou “bem-estar elevado” para tranquilizar os consumidores, mas estes rótulos pouco mudam a realidade fundamental de exploração e morte. Mesmo em explorações supostamente de “alto bem-estar”, os animais continuam privados de autonomia, forçados a reproduzir-se e mortos nos mesmos matadouros onde todos os outros animais são abatidos, muito antes do fim natural das suas vidas. Estes rótulos são ferramentas de marketing, não proteções reais — existem para aliviar a culpa do consumidor, não para proteger os animais.
Investigações encobertas revelaram que explorações certificadas em esquemas como o RSPCA Assured apresentavam graves problemas de bem-estar, incluindo sobrelotação, negligência e abuso. Em 9 de junho de 2024, a organização Animal Rising publicou a maior investigação de sempre em explorações no Reino Unido, denunciando crueldade sistémica em mais de 40 explorações certificadas pela RSPCA Assured. Realizaram mais de 60 investigações encobertas e afirmaram ter encontrado sofrimento generalizado em todas. No relatório “RSPCA ‘Assured’: A encobrir crueldade em escala industrial”, lê-se: “Verificado por um jurista especialista em bem-estar animal, encontramos 280 violações legais e mais 94 violações dos códigos de prática da DEFRA. Encontrámos porcos mortos nos corredores, pintainhos mortos por desidratação e fome, salmões e trutas com olhos e partes do corpo em falta, galinhas poedeiras depenadas de tanto stress e porcos a arrastar-se porque as pernas não funcionavam. Armazéns com até 64.000 frangos de uma só vez.”
7. O consumo de carne é prejudicial à saúde
A indústria da carne promove insistentemente a ideia de que comer carne é não só “natural”, mas também essencial para a saúde humana. Contudo, a evidência diz o contrário. Décadas de investigação de grandes estudos e das principais instituições de saúde mostram que o consumo regular de carne vermelha e processada está associado a maior risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2, cancro colorretal e morte prematura. Mesmo pequenos aumentos no consumo de carne elevam o risco destas doenças crónicas, independentemente de outros fatores como idade, peso ou atividade física.
Carnes processadas - como bacon, salsichas e fiambre - são especialmente nocivas, sendo classificadas como cancerígenas para humanos por muitas autoridades de saúde. O consumo prolongado destes produtos está ligado não só ao cancro, mas também ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e mortalidade geral. Mesmo carne vermelha não processada apresenta riscos, com evidência de aumento, embora ligeiro, do risco de várias doenças graves.
A narrativa de que os humanos precisam de carne para prosperar é um resquício da ideologia carnista, não um facto científico. Na realidade, dietas veganas bem planeadas fornecem todos os nutrientes necessários para uma saúde ótima — sem os riscos associados aos produtos de origem animal. Optar pela dieta dos veganos é não só uma escolha ética para os animais e para o planeta, mas também uma decisão inteligente para a saúde. Dietas à base de plantas fornecem todos os nutrientes essenciais, sem crueldade nem destruição ambiental. Todas as principais associações de dietética concordam que dietas veganas bem planeadas são adequadas para todas as fases da vida.
8. A indústria da carne é das piores para o ambiente
A pecuária é uma das principais causas de devastação ambiental. Florestas são destruídas para cultivar rações ou criar pastagens, eliminando habitats e acelerando a perda de biodiversidade. A indústria da carne é uma grande responsável pela poluição hídrica, com dejetos animais e químicos a contaminarem rios e lençóis freáticos. A criação de animais é também responsável por uma parte significativa das emissões de gases com efeito de estufa, alimentando a crise climática e ameaçando o futuro de toda a vida na Terra.
Globalmente, a produção de carne e lacticínios é responsável por cerca de 14,5% de todas as emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa, com a criação de animais a representar 60% das emissões agrícolas. A produção de carne bovina é especialmente problemática, gerando 32,4 kg de CO₂ equivalente por quilo de carne de bovino de carne, e 22,1 kg por quilo de carne de vacas de leite. O metano, um gás de efeito de estufa muito potente produzido por ruminantes como vacas e ovelhas (com potencial de aquecimento global até 34 vezes superior ao dióxido de carbono em 100 anos), agrava ainda mais o impacto climático da indústria.
O consumo de recursos, especialmente de água, é outro problema crítico: produzir apenas uma tonelada de carne de vaca requer cerca de 17.700 metros cúbicos de água, enquanto a produção de carne de cordeiro consome ainda mais, 57.800 metros cúbicos por tonelada. Estes números mostram a pressão enorme que a produção de carne exerce sobre os recursos naturais, contribuindo para a escassez de água e poluição com escorrências de estrume e fertilizantes. No geral, a pegada ambiental negativa da indústria da carne é substancial, abrangendo emissões de gases com efeito de estufa, deflorestação e uso insustentável de recursos. Qualquer tentativa de “pintar de verde” isto com conceitos como pastoreio regenerativo não passa de mais uma forma de enganar o público.